Melhor invenção depois da roda

The Complete Calvin and Hobbes
É, já faz mais de dez anos que a vida não é a mesma. Em dezembro de 1995 Bill Watterson desenhou o último capítulo de sua maior criação. Ou pelo menos o último capítulo que nós pudemos acompanhar.
Calvin e Haroldo é uma tira de jornal sobre um menino de 6 anos e seu tigre imaginário. Criado por Watterson na metade da década de 80, Calvin se tornou uma das tiras de maior sucesso, e sem dúvida uma das mais fantásticas. Watterson trouxe para os jornais a inventividade e a inteligência das soluções simples e geniais. As piadas clássicas combinadas às modernas. E mais do que isso, Calvin é universal, foi publicado em uma infinidade de jornais pelo mundo e até hoje ocupa as páginas de muitos. Do momento em que a tira surgiu, em novembro de 1985, Calvin foi um sucesso instantâneo de público e permitiu que seu autor pudesse se preocupar com sua integridade artística. Watterson não permitiu que Calvin fosse usado em qualquer tipo de merchandising e brigou na justiça para impedir o uso de seu personagem em cuecas, canecas, lençóis e quaisquer outras merdas. Além disso, ele deixou a tira no ápice de seu sucesso. Watterson respeitou seu próprio tempo criativo e deixou de desenhar Calvin 10 anos depois de ter começado.
Um ex-chargista de jornal, Watterson além de tudo desenha bem. Sua arte é simples e orientada pela narrativa, respeitando a história. Durante os dez anos que produziu Calvin ele buscou explorar ao máximo as possibilidades que o meio ofereceu, trabalhando com o storytelling da forma mais honesta possível: querendo contar uma história. As soluções encontradas por ele nas tiras de domingo estão entre as mais inventivas já criadas.
Felizmente para nós fãs ainda é possível aproveitar e muito as tiras de Calvin, ainda mais nós brasileiros. Foi lançado no ano passado o The Complete Calvin and Hobbes, mega coleção com todas as tirinhas já publicadas em jornais e compiladas em livros. São três volumes gigantes acomodados em uma belíssima luva. O projeto gráfico é primoroso dando destaque para as tiras sem atropelar os respiros, e ainda tomando o cuidado de informar a data em que a tira foi publicada. O trabalho é muito cuidadoso, os livros são muito bem acabados e bonitos. O primeiro ainda conta com uma introdução do próprio Watterson escrita especificamente para a edição, introdução esta que ele escreveu para nós, que lemos Calvin há um milhão de anos e sabemos a maior parte das tirinhas de cor. Sensacional. E como se não bastasse o último livro trás muito material que não foi publicado no Brasil.
Só senti falta daqueles desenhos p&b que sempre povoavam as edições menores do Calvin, não tem nenhum. E claro, o preço é bem salgado (US$ 150), mas pra um trabalho desse nível vale a pena. Se você tiver como comprar, não tem erro. Aqui no Brasil da pra encontrar ele na Livraria Cultura por um preço atômico, quase um chute no pâncreas, mas na Internet é bem possível fazer um negócio melhor. Na Amazon, por exemplo, estava bem mais barato, acho que uns US$ 90. Vale a compra.
3 Comments:
"Referindo-se a ´tira´ Calvin e Haroldo de Bill Watson, observamos o seguinte fato: Haroldo não é mais do que um tigre de pelúcia onde Calvin projeta suas vontades, idéis e, por isso, para ele Haroldo tem vida e age como seu melhor amigo.
Relativo a isso, citamos o relacionamento de Calvin e Susie (uma colega de escola) Calvin, conscientemente, condizente com o comportamento de uma criança de 6 anos, rejeita a proximidade com meninas.
Por sua vez, Susie e Haroldo se dão muito bem, ou melhor, um gosta do outro, mas sabemos que Haroldo nada mais é do que a projeção das vontades de Calvin. Concluímos que Calvin, incoscientemente, gosta de Susie, e ela sente o mesmo pro ele, mas Haroldo é o objeto que eles utilizam para demostrar essa afeição mutua.
Vemos, no mesmo caso, um mecanismo de negação no campo psíquico humano, uma vez que Haroldo fala abertamente a Calvin que gosta de Susie; Calvin retruca bravo e critica o comportamento do amigo. O que ele faz na realidade, é repreender a si mesmo; Calvin repreende o seu incosciente, uma vez que Haroldo nada mais é que uma projeção sua; por isso constatamos uma luta entre o seu superego e o sei id, onde o consciente sabe como ele deve agir,mas , mesmo assim, ele age de forma diferente e, por isso, ele repreende o seu incosciente."
Puta comentário pernóstico desse primata xarope, pra não dizer outra coisa...
Melhor tira de todos os tempos. Period. Ri histericamente de coisas que eu já lera umas cinco vezes.
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