quarta-feira, outubro 04, 2006

The Man of Steel


Estou aqui hoje pra interferir um pouco no território do Maniac e falar de cinema. Na verdade pra falar de uma adaptação: Superman Returns.

Mas antes, algumas palavras sobre adaptações de quadrinhos para cinema. Uma adaptação é a tentativa de transpor algo de uma mídia para outra. Nesse caso das HQs para o cinema. Claro que os fãs se desesperam e se enchem de esperanças todas as vezes que aquele ou esse personagem é escolhido para virar filme, só que muitos esquecem que um filme é algo diferente de uma História em Quadrinhos. São duas mídias muito próximas. Muitos estudos e pesquisas atestam para proximidade de suas. Os quadrinhos foram e são fortemente influenciados pelo cinema, e mais recentemente o cinema tem buscado certas soluções quadrinísticas para determinados problemas. Mas ainda assim são mídias diferentes que demandam soluções diferentes, e por isso acabam por gerar produtos que são diferentes. Podem ser semelhantes no conteúdo e no objetivo, mas são diferentes na forma. Por isso se quiser ver o gibi vá ler o gibi, o filme é outra história.

Dito isso, vamos ao Superman. Tenho ouvido diversas opiniões sobre o filme de Bryan Singer, muitas boas e algumas ruins. Muitas dessas ruins se baseiam na distância, segundo essas opiniões, que o filme tem do quadrinho. O que eu acho bastante curioso. Pra mim o filme é muito próximo do personagem dos quadrinhos. Primeiro por captar a grande dor e solidão do personagem sem torná-la piegas e melodramática (característica cada vez mais latente no cinema hollywoodiano e conseqüentemente nas adaptações de quadrinhos). Segundo, o filme trabalha com o tempo de uma forma interessante, permitindo que as cenas se construam de forma cuidadosa e que as informações, sentimentos e conceitos defendidos pelo diretor sejam absorvidos com calma pelo espectador. O filme na verdade tem um objetivo muito claro e não é colocar o Homem de Aço em uma pancadria a cada 5 minutos na tela. O fato do diretor não ter feito um filme puramente de ação, e sim reflexivo também, desagradou muita gente. Mas o filme tem muito mais relação com o personagem do que alguns gibis tem tido ultimamente. As boas histórias do Superman não são sobre o quão poderoso ele é, nem sobre brigas homéricas com seja-lá-quem-for. Pra mim, são sobre tomar decisões maiores do que qualquer um de nós, sobre escolhas impossíveis e realizações inimagináveis. E no meio disso sim, ação e pancadaria (se você quiser), mas tudo dentro de um contexto. Ele é o mais poderoso, mas guarda seus poderes como último recurso para resolver uma situação. E o filme mostra bem isso.

Não me entenda mal, como bom fã não gostei de tudo no filme. Não gostei do Lex Luthor do Kevin Spacey. Acho ele um puta ator e entendo que ele quis, dentro da proposta do diretor, remeter ao Luthor do Gene Hackman, mas prefiro o Luthor do desenho animado do Bruce Timm. Mais violento, calculista e mal e menos palhaço e louco. Não gostei tanto da Lois. Achei a atriz até boa, mas aquém da personagem. Penso que tinha que ser alguém mais forte, tanto na imagem quanto na personalidade (e mais gostosa, se a escolha fosse minha). Não sei ainda sobre o moleque. Essas coisas de filhos de personagens sempre me cheiram mal, mas certamente abre muitas possibilidades.

No fim das contas achei o filme muito bom. Fez uso da tecnologia atual para trazer cenas de ação impressionantes e valorizou os personagens. E principalmente trouxe o Homem de Aço de volta no melhor estilo e ainda respeitando o que já foi feito de melhor sobre ele no cinema (Superman e Superman 2).

E pra quem gosta vai sair o box com uma tonelada de material sobre ele e ainda o DVD do Superman Returns. Estou tentado a comprá-lo, o duro é ter na coleção o Superman 3 e 4, duas bostas inigualáveis (ou talvez igualáveis pelo Batman 4!). E não são só bostas, são bostas com extras de merda. Mas é provável que o restante compense. De qualquer forma o DVD do Superman Returns, com todos os extras, certamente será um prato cheio.