sexta-feira, novembro 24, 2006

Ultimate 4



Eu sempre gostei do Quarteto Fantástico (Fantastic Four), nunca foi o meu grupo preferido de heróis, mas sempre que eu podia pegava alguma coisa deles pra ler. Claro que eu comecei a ler o que estava saindo na época, mas logo fui mergulhando no que já havia sido feito. Demorei um pouco pra chegar nos clássicos, e só recentemente, coisa de um 5 anos atrás, fui ler as histórias originais.

O Quarteto foi criado em 1961 por Stan Lee e Jack Kirby para embarcar na recuperação que o gênero de HQs de super-heróis vinha tendo depois da censura de Wertham (bem a grosso modo, um psicólogo cretino que publicou um livro atribuindo a delinqüência juvenil, entre outros problemas sociais dos jovens americanos, aos quadrinhos e que iniciou uma caça as bruxas no nas editoras de HQ) e da conseqüente instalação do CCA (Comics Code Authority). A DC havia se utilizado de outros gêneros para relançar seus super-heróis (como a ficção científica em Challengers of the Unknow, também de Kirby), e acabara de obter sucesso com um grupo de super-heróis, a JLA (Liga da Justiça), então novidade no meio. Lee e Kirby embarcaram nessa juntando as duas coisas e criaram o primeiro super-grupo da Marvel estabelecendo, com a própria origem do grupo na primeira história, o tema que marcaria a HQ: a ficção científica.

O que eu sempre gostei nas histórias do Quarteto era exatamente a presença da ficção científica, fosse abertamente nas sagas espaciais, ou nas mais disfarçadas onde os elementos cósmicos surgiam no decorrer da trama. Introduzido nas histórias de Lee e Kirby, o elemento ficcional científico ganhou muito peso nas HQs que John Byrne fez com o Quarteto. Pra mim, quem melhor vem representando esse tipo de história do Quarteto hoje em dia é o Ultimate Fantastic Four. Eu li os de Lee e Kirby (não tudo mas um bocado), que são incomparáveis; li os de Byrne, que são sensacionais; li muitos outros, apesar de não ser um fã psicótico como eu já disse; mas na série Ultimate o Quarteto realmente nasceu imbuído da ficção científica.

Criados, ou melhor, adaptados por Brian Bendis e Mark Millar, o Ultimate Fantastic Four começa como qualquer outro titulo Ultimate, inserindo o grupo e sua história no contexto de hoje em dia. Isso permite que os autores façam uso da atual tecnologia para dar suporte às histórias, o que, por conseqüência torna a ficção científica presente na história bem mais interessante e verossímil, sem perder seu caráter absurdo e fantástico. Não que os aparatos e máquinas de Kirby não fossem fantásticos, mas estes novos são criados a partir de 40 anos de descobertas e evolução científica. Adam Kubert completou o time desenhando o título quando este foi lançado e trouxe todo o dinamismo de sua linguagem para a HQ. Seu estilo mais cartunizado, mas sem perder a pitada de realismo, caiu como uma luva na história.

Mas foi depois das 6 primeiras edições que o título realmente decolou. Na minha opinião quem tripudiou em cima do conceito do grupo foi mesmo Warren Ellis. Ele assumiu os textos da HQ no número 7 e potencializou a relação do grupo com seu maior rival, o Dr. Destino, além de potencializar o próprio grupo. Acompanhado pelo desenhista Suart Immonen (já falei dessa dupla, olha lá embaixo), trouxe elementos muito interessantes ao universo do Quarteto.

Em seguida Kubert retornou e ao lado de Ellis (ainda nos textos) conduziu o grupo a sua primeira aventura em outra dimensão (#13 a 18), trazendo de vez os elementos clássicos da ficção científica com uma abordagem mais pós-moderna. Depois a dupla infelizmente deixou a HQ de vez, e por 2 edições Mike Carey e Jae Lee contaram uma aventura dentro do próprio Baxter Building. Não muito boa por sinal.

Na edição 21 Mark Millar retornou e trouxe com ele um novo desenhista, Greg Land. Millar já provou o que pode fazer com super-grupos, primeiro em Authority, sucedendo o próprio Ellis, e depois em Ultimates, e em Ultimate Fantastic Four não decepcionou. Ele introduziu zumbis de outra dimensão, o Namor em versão Ultimate, os Skrulls e retornou com Zumbis e Dr. Destino para fechar sua passagem. Tudo desenhado por Land, que tem um estilo muito fotográfico pro meu gosto, mas que fez um bom trabalho na HQ.

Recentemente Mike Carey voltou como escritor e trouxe uma saga muito interessante, onde coloca os heróis contra um grupo de viajantes inter-dimensionais que surgem na terra em busca de um artefato (ou alguém). Os grupos entram em conflito e o Quarteto é levado por eles para sua dimensão, onde somos apresentados a Thanos em versão Ultimate. Quem cuida dos desenhos é Pascal Ferry, cujo traço europeu caiu muito bem à saga. Essa aventura espacial inter-dimensional de Carey e a narrativa cinematográfica de Ferry, a saga, e o título, continuam prometendo.

Eu não estou dizendo que Ultimate Fantastic Four é o melhor Quarteto de todos os tempos, longe disso, mas é o meu preferido em um bom tempo.