segunda-feira, novembro 27, 2006

Borat

Borat é o filme sensação do momento. A comédia protagonizada pelo comediante inglês Sacha Baron Cohen liderou a bilheteria no primeiro final de semana nos EUA arrecadando 26,4 milhões em apenas 837 salas (a média é de mais de 2 mil salas nas estréias), números que colocam o filme como a terceira melhor média da história, atrás somente do segundo Piratas do Caribe e do primeiro Homem-Aranha (dados vistos no site Omelete). Além disso a crítica e o público adoraram o filme. Está na lista dos 250 melhores do IMDB e no Rotten Tomatoes recebeu uma média de 92% dizendo que o filme é ofensivo do jeito mais engraçado possível. O filme é um documentátio falso onde Cohen interpreta o personagem Borat, um jornalista do Cazaquistão que vai aos EUA aprender valiosas lições para seu país. Ele acaba convencendo todo mundo nas ruas da veracidade de sua história, o que inclusive está lhe rendendo alguns processos na justiça (que não devem ser problema com o dinheirão que o filme está ganhando) e ataca a tudo e a todos com suas piadas. Chega de conversa, veja os primeiros quatro minutos do filme (chega no Brasil em fevereiro, estou ansioso):



E aproveitando o humor ácido inglês para dar a dica: chegou no Brasil a edição de luxo do Monty Python Em Busca do Cálice Sagrado. Clássico absoluto!

sexta-feira, novembro 24, 2006

Ultimate 4



Eu sempre gostei do Quarteto Fantástico (Fantastic Four), nunca foi o meu grupo preferido de heróis, mas sempre que eu podia pegava alguma coisa deles pra ler. Claro que eu comecei a ler o que estava saindo na época, mas logo fui mergulhando no que já havia sido feito. Demorei um pouco pra chegar nos clássicos, e só recentemente, coisa de um 5 anos atrás, fui ler as histórias originais.

O Quarteto foi criado em 1961 por Stan Lee e Jack Kirby para embarcar na recuperação que o gênero de HQs de super-heróis vinha tendo depois da censura de Wertham (bem a grosso modo, um psicólogo cretino que publicou um livro atribuindo a delinqüência juvenil, entre outros problemas sociais dos jovens americanos, aos quadrinhos e que iniciou uma caça as bruxas no nas editoras de HQ) e da conseqüente instalação do CCA (Comics Code Authority). A DC havia se utilizado de outros gêneros para relançar seus super-heróis (como a ficção científica em Challengers of the Unknow, também de Kirby), e acabara de obter sucesso com um grupo de super-heróis, a JLA (Liga da Justiça), então novidade no meio. Lee e Kirby embarcaram nessa juntando as duas coisas e criaram o primeiro super-grupo da Marvel estabelecendo, com a própria origem do grupo na primeira história, o tema que marcaria a HQ: a ficção científica.

O que eu sempre gostei nas histórias do Quarteto era exatamente a presença da ficção científica, fosse abertamente nas sagas espaciais, ou nas mais disfarçadas onde os elementos cósmicos surgiam no decorrer da trama. Introduzido nas histórias de Lee e Kirby, o elemento ficcional científico ganhou muito peso nas HQs que John Byrne fez com o Quarteto. Pra mim, quem melhor vem representando esse tipo de história do Quarteto hoje em dia é o Ultimate Fantastic Four. Eu li os de Lee e Kirby (não tudo mas um bocado), que são incomparáveis; li os de Byrne, que são sensacionais; li muitos outros, apesar de não ser um fã psicótico como eu já disse; mas na série Ultimate o Quarteto realmente nasceu imbuído da ficção científica.

Criados, ou melhor, adaptados por Brian Bendis e Mark Millar, o Ultimate Fantastic Four começa como qualquer outro titulo Ultimate, inserindo o grupo e sua história no contexto de hoje em dia. Isso permite que os autores façam uso da atual tecnologia para dar suporte às histórias, o que, por conseqüência torna a ficção científica presente na história bem mais interessante e verossímil, sem perder seu caráter absurdo e fantástico. Não que os aparatos e máquinas de Kirby não fossem fantásticos, mas estes novos são criados a partir de 40 anos de descobertas e evolução científica. Adam Kubert completou o time desenhando o título quando este foi lançado e trouxe todo o dinamismo de sua linguagem para a HQ. Seu estilo mais cartunizado, mas sem perder a pitada de realismo, caiu como uma luva na história.

Mas foi depois das 6 primeiras edições que o título realmente decolou. Na minha opinião quem tripudiou em cima do conceito do grupo foi mesmo Warren Ellis. Ele assumiu os textos da HQ no número 7 e potencializou a relação do grupo com seu maior rival, o Dr. Destino, além de potencializar o próprio grupo. Acompanhado pelo desenhista Suart Immonen (já falei dessa dupla, olha lá embaixo), trouxe elementos muito interessantes ao universo do Quarteto.

Em seguida Kubert retornou e ao lado de Ellis (ainda nos textos) conduziu o grupo a sua primeira aventura em outra dimensão (#13 a 18), trazendo de vez os elementos clássicos da ficção científica com uma abordagem mais pós-moderna. Depois a dupla infelizmente deixou a HQ de vez, e por 2 edições Mike Carey e Jae Lee contaram uma aventura dentro do próprio Baxter Building. Não muito boa por sinal.

Na edição 21 Mark Millar retornou e trouxe com ele um novo desenhista, Greg Land. Millar já provou o que pode fazer com super-grupos, primeiro em Authority, sucedendo o próprio Ellis, e depois em Ultimates, e em Ultimate Fantastic Four não decepcionou. Ele introduziu zumbis de outra dimensão, o Namor em versão Ultimate, os Skrulls e retornou com Zumbis e Dr. Destino para fechar sua passagem. Tudo desenhado por Land, que tem um estilo muito fotográfico pro meu gosto, mas que fez um bom trabalho na HQ.

Recentemente Mike Carey voltou como escritor e trouxe uma saga muito interessante, onde coloca os heróis contra um grupo de viajantes inter-dimensionais que surgem na terra em busca de um artefato (ou alguém). Os grupos entram em conflito e o Quarteto é levado por eles para sua dimensão, onde somos apresentados a Thanos em versão Ultimate. Quem cuida dos desenhos é Pascal Ferry, cujo traço europeu caiu muito bem à saga. Essa aventura espacial inter-dimensional de Carey e a narrativa cinematográfica de Ferry, a saga, e o título, continuam prometendo.

Eu não estou dizendo que Ultimate Fantastic Four é o melhor Quarteto de todos os tempos, longe disso, mas é o meu preferido em um bom tempo.

terça-feira, novembro 21, 2006

Última da Mostra


Hollywoodland - Bastidores da Fama (Hollywoodland, 2006) - Hollywoodland é um bom exemplar recente do film noir, mostrando a investigação da misteriosa morte do ator George Reeves, que interpretou o Superman na série de TV dos anos 50, ao mesmo tempo em que mostra em flashbacks um pouco da vida do ator. O filme é interessante, mas eu gostei mais das partes da história que mostram a vida do ator do que as partes investigativas, o que me faz pensar que talvez fosse mais interessante se o filme se focasse mais nessas partes. Mas, apesar disso, um bom filme com boas atuações do elenco (inclusive Ben Affleck, que ganhou o prêmio de melhor ator no Festival de Veneza).

Luzes na Escuridão (Laitakaupungin valot, 2006) - Terceiro de uma trilogia do diretor finlandês Aki Kaurismäki sobre "losers", sendo os outros Nuvens Passageiras (ganhador do prêmio de audiência da Mostra em 1996) e O Homem Sem Passado (indicado ao Oscar de filme estrangeiro em 2003). Não assisti os outros dois, mas li que eles tem mais humor (também presente nesse). Pode parecer lento para o público em geral, mas um filme que me agradou com seu estilo noir.

Clerks II (idem, 2006) - Muito bom. Não há muito o que dizer aqui: se você gostou do primeiro faça um favor a você mesmo e não perca o segundo de jeito nenhum, pois o Kevin Smith aqui se sente em casa para destrinchar o melhor do seu humor característico.

Babel (idem, 2006) - Mais um belo exemplar do diretor Alejandro González Iñárritu, completando a sua não-oficial trilogia (iniciada com Amores Brutos e 21 Gramas). Apesar de ter gostado desse, gosto mais dos outros dois, que acho serem mais coesos. Li em uma entrevista na Revista Trip com Guillermo Arriaga, o roteirista da trilogia, que na verdade ele bolou tudo como uma quadrilogia que teria como primeira história Cielo Abierto, a única que não virou filme por enquanto (e que, infelizmente, dificilmente será dirigida por Iñárritu pois os dois tiveram um desentendimento durante Babel).

E isso completa a cobertura dos filmes que vi na mostra, com os melhores na minha opinião sendo Os Infiltrados, O Labirinto do Fauno e Clerks II.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Mostra?


É, eu sei, a mostra já acabou (inclusive a programação extra), mas ainda não falei de todos os filmes que vi:

Shortbus (idem, 2006) - Eu começaria dizendo o que eu acho que também vale para o filme Irreversível: você precisa saber antecipadamente sobre algumas cenas do filme e se isso o incomodar não assista o filme. Se em Irreversível eram as cenas do estupro e do extintor de incêndio, aqui são as cenas de sexo explícito que podem incomodar algumas pessoas. Digo, sem preconceito, que as cenas de sexo entre homens me incomodaram um pouco sim, nesse filme que quer discutir relacionamentos e sexualidade nos dias de hoje numa Nova York pós 11 de setembro. O filme tem a seu favor o tom bem humorado e o jeito autêntico com que apresenta as situações e os diálogos (na sua maioria por atores não profissionais).

A Scanner Darkly (idem, 2006) - Como fã do escritor Philip K. Dick, esse era um dos filmes que eu mais esperava nessa mostra (era pra ele ter sido lançado no circuito em agosto, mas até agora nada). Gostei do filme, mas saí um pouco decepcionado pois esperava muito mais (não li o livro em que foi baseado, mas li que o filme é bem fiel). Gosto do processo de rotoscopia e acho que ele se encaixa bem no tema de paranóia da história. O filme apresenta ainda um bom final, como uma boa história do Philip K. Dick.

Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita (Indagine su un cittadino al di sopra di ogni sospetto, 1970) - Investigação ganhou o oscar de filme estrangeiro em 1971. Realmente é um bom filme que conta uma história bem interessante sobre como pessoas poderosas dificilmente respondem por seus atos, tema que ainda vale para os dias de hoje (ou faz ainda mais sentido hoje em dia). Destaque também para a bela trilha do mestre Morricone.

Edmond (idem, 2005) - Filme curto (76 minutos) dirigido por Stuart Gordon, mais famoso por filmes de terror como Re-Animator, baseado em conto de H.P. Lovecraft. Edmond é baseado numa peça escrita por David Mamet, roteirista que gosto bastante e que também é responsável pelo roteiro. O filme é bem interessante, mostrando a transformação de um homem durante uma noitada em Nova York, indo do aparentemente normal até a loucura. O filme perde um pouco o ritmo no final, mas nada que o prejudique. Destaco também a boa atuação do William H. Macy.

No próximo post: Hollywoodland - Bastidores da Fama, Luzes na Escuridão, Clerks II e Babel.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Video Games Live no Brasil

foto: Jack Wall
Matéria: Théo Azevedo
Nos dias 12 e 19, Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente, recebem o Video Games Live, um concerto que faz uma homenagem à trilha sonora dos games, indo dos clássicos às criações mais modernas.
O show foi idealizado por Tommy Tallarico e Jack Wall, veteranos da indústria do entretenimento eletrônico e, após visitar os Estados Unidos e o Canadá, escolheu o Brasil para dar início a sua turnê mundial, que deve passar ainda por Austrália e Japão.
É a chance dos brasileiros ouvirem um repertório que, acompanhados de luzes e performances, inclui músicas de "Mario", "Zelda", "Halo", "Metal Gear Solid", "Warrcraft", "Myst", "Castlevania", "Medal of Honor", "Sonic", "Kingdom Hearts", "Tron", "Final Fantasy", "Advent Rising", "Beyond Good & Evil" e "God of War", com um espaço retrô reservado a "Pong", "Donkey Kong", "Dragon's Lair", "Tetris", "Frogger", "Gauntlet", "Space Invaders" e "Outrun".
Com duas horas de duração, o concerto inclui ainda projeção de imagens em um telão de 300 polegadas sincronizadas com performances de cosplayers.
O UOL Jogos entrevistou Jack Wall, maestro do Video Games Live, e produtor de mais de trinta trilhas de games, incluindo "Myst", "Splinter Cell" e "Jade Empire".
Na entrevista também, ele diz que tem duas músicas que trás especial para o Brasil a de "Tomb Raider" e a "Liberi Fatali" Uma das músicas mais fortes da abertura do Final Fantasy VIII.
Vale muito a pena para quem é fã.
MAIS INFORMAÇÕES
Video Games Live (em inglês):
No Rio de Janeiro:
Domingo, dia 12 de novembro, às 19h30h, no Claro Hall
Av. Ayrton Senna, 3000, Barra da Tijuca, no Shopping Via Parque
Preços: de R$ 80 a R$ 200
Tel: (21) 2156-7300
Venda online: Ticketmaster
Em São Paulo:
Domingo, dia 19 de novembro, às 20h, no Via FunchalRua Funchal, 65 - Vila Olímpia
Preços: de R$ 50 a R$ 180
Tel: (11) 3044-2727
Venda online: Via Funchal

quinta-feira, novembro 02, 2006

What I've been reading...




The Portent

The Portent é uma mini-série em 4 partes que saiu pela Image no primeiro semestre (na verdade começou a sair no primeiro semestre e acabou em Agosto). Criada por Peter Bergting, The Portent narra a história de Milo, um guerreiro transtornado pela culpa que busca redenção vagando por uma terra infestada por demônios, espíritos e outras criaturas. Até aí tudo bem, plot interessante, mas nada de mais, certo? Errado.

Peter Bergting não só criou a história como escreveu, desenhou, arte-finalizou, coloriu e letrerizou as 4 edições, fato raro hoje em dia, especialmente em quadrinhos norte-americanos (ou melhor, publicados nos EUA, pois Bergting é sueco!). Bergting tem um estilo profundamente inspirado em Mignola, mas ele traz algumas pitadas de sua própria arte e da pra perceber que ele caminha a passos largos para uma linguagem própria interessante (Além de quadrinísta Bergting é ilustrador).

E não é só no visual que ele se inspira em Mignola, Portent transita entre diversas mitologias, casando principalmente duas, a chinesa e a nórdica. Isso traz uma combinação muito interessante. A HQ foi lançada sob o gênero Fantasia, mas o próprio autor descarta essa associação e defende que sua criação é uma espécie de Horror Mitológico, algo como um Dawn of the Dead situado em um cenário histórico mitológico do norte da Europa. O TPB (edição encadernada) sairá agora dia 13 de dezembro, uma ótima pedida para o natal. Especialmente se você é um fã de Hellboy, ou de mitologia nórdica/chinesa, ou ainda se for um fã de horror. O clima de “estamos a caminho do fim do mundo” não irá decepcioná-lo.

Dusty Star

Dusty Star é outro estranho cruzamento só que desta vez um pouco mais sujo e menos assustador (claro, se você não é do tipo que não se assusta com a violência por si só). Escrita por Joe Pruett e Andrew Robinson, que também é responsável pela arte (desenho, arte-final e cor), Dusty Star é uma combinação feroz de western e motocicletas. O primeiro número começa com a protagonista, que da nome ao gibi, buscando vingança contra seu ex-bando de pistoleiros. Dusty, a personagem, é uma pistoleira violenta e fria (e nesse caso estou falando da habilidade de atirar por dinheiro ou profissão e não da condição feminina de distribuir o rabo). A história é guiada pelos objetivos da personagem e a narrativa é ágil e direta. A arte de Robinson é sensacional, estilizada e dinâmica com páginas muito bem resolvidas e personagens fortes. Muito boa leitura e uma das melhores HQs que eu li nos últimos tempos em termos de storytelling. Pena que só tem uma edição até agora.

PS: Acabei de ver o Scream Awards 2006 e é disparado a melhor premiação da TV. Sem comparação com nenhuma outra. Sem a chatice, a pieguice e a conversa afiada comprada do Oscar e sem as enrolações dos outros prêmios. O que dizer de um prêmio que inclui quadrinhos lado a lado com filmes de ficção científica, horror e terror? Sensacional!