terça-feira, outubro 31, 2006

Mostra de Cinema 2 - A Missão


O Labirinto do Fauno (El Laberinto del Fauno, 2006) - Praticamente uma continuação do filme A Espinha do Diabo já que os dois tem os mesmos elementos: crianças envolvidas em temas fantásticos durante a guerra civil espanhola (além do diretor Guillermo Del Toro dirigir os dois). Eu gostei mais desse pois acho que os paralelos entre as duas histórias (a fantástica e a real) se encaixam ainda melhor, deixando espaço ainda para interpretações diferentes no final. Ainda destaco a interpretação de Sergi López como o vilão Capitão Vidal. Foi uma belíssima escolha do México para ser seu representante no Oscar (e digo até não muito usual por ser um filme com elementos fantásticos). Grande filme.

Os Infiltrados (The Departed, 2006) - Scorsese volta ao gênero que ele conhece muito bem, (sei que muita gente vai chiar, mas para mim o melhor filme de máfia é Os Bons Companheiros e não O Poderoso Chefão, que ficaria em um segundo lugar) esse Infiltrados é uma refilmagem do longa de Hong Kong Conflitos Internos (filme do qual sou fã) e posso dizer que agora sou fã desse também pois achei o filme tão bom quanto o original. Vi Conflitos Internos já faz um tempo mas pelo que me lembro o filme original é um pouco mais tenso do que sua refilmagem, que contém bons diálogos, boas atuações (Jack Nicholson se encaixa muito bem no papel) e um humor que eu não estava esperando. A refilmagem tem algumas diferenças na sua história em relação ao original as quais não vou citar para não estragar. Mais um grande filme.

Summer Palace (Yihe yuan, 2006) - Achei um filme meio sem sal e lento, que situa uma história de amor desde o fim dos anos 80 até dias mais recentes, mostrando alguns acontecimentos importantes desses períodos no processo. Tinha lido que o filme tem cenas polêmicas de sexo, mas não achei nada muito forte. Ah, e o ator que interpreta o personagem Zhou Wei tem o rosto que me lembrou Jackie Chan em alguns momentos.

Infância Roubada (Tsotsi, 2005)- Ganhador do Oscar em 2006 de filme estrangeiro, Infância Roubada mostra uma história que não é nenhuma novidade, a do criminoso que após um acontecimento se arrepende de seus crimes e busca redenção. Seria um filme clichê, mas que acaba sendo bem conduzido pelo diretor, tem boa fotografia e acaba prendendo a atenção até o seu final. Gostei do filme, mas acho que o Oscar deveria ter ido para Paradise Now (que dos 3 filmes que assisti dos 5 que concorreram ao Oscar de filme estrangeiro, achei o melhor).

A seguir: Shortbus, A Scanner Darkly, Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita, Edmond e Hollywoodland - Bastidores da Fama.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Xenosaga

Começarei dizendo que esse foi um dos jogos que mais tive expectativas em jogos de RPG e que inicialmente a superou, mas infelizmente suas continuações deixaram muito a desejar.

O Xenosaga é uma "continuação" no futuro do jogo Xenogear. Apesar dos personagens serem diferentes, muitos conceitos e "descendentes" aparecem nessa "trilogia" (coloco entre parenteses, pois a vendagem do segundo episódio foi tão ruim que cancelaram os outros 3 que deveriam vir também). Muito do jogo se refere a religião e história do nosso mundo, como alguns nomes e situções que trazem de volta passagens "terrestres".

O primeiro episódio: "Der Wille Zur Macht" (A vontade do Poder) realmente foi uma obra de arte, com personagens carismáticos em uma situação de guerra cósmica. O clima tenso e enigmatico que roda entre os persongens prende a sua atenção para tentar desvendar todo o mistério. O Gráfico é lindo, as cores são bem definidas, e apesar das expressões serem limitadas isso dá até uma força a mais ao enredo, além de os cambates terem obtido uma atenção maior, facilmente notada durante a execução dos golpes especiais. A música de Yasunori Mitsuda regendo a orquestra filarmonica de Londres é o toque final de uma obra prima. O único ponto que me impede de não dar nota máxima ao jogo é o combate nos A.G.W.S. (Robôs) que peca nos movimento muito restrito e falta de interação entre si.

O segundo episódio: "Jenseits von Gut und Bose" (Além do Bem e do Mal) foi o início do fracasso. Tudo foi mudado, menos a história que no final provoca uma sensação do jogo estar incompleto e não que ele terá uma continuação. Mudou-se o gráfico que ganhou detalhes e expressões e perdeu carisma; a música que praticamente desapareceu focando mais nos sons ambientes; o sistema de batalhas foi inovado para ser mais interativo e esquecido com relação a beleza do primeiro; As vozes dos personagens (ao qual você cria um afeto pelos personagens e, pela mudança, parece que não são mais eles que estão lá) . O que parece é que não está se jogando o mesmo jogo. Porém o que mais me chamou atenção (para acabar logo com o jogo para não ter que passar por isso por mais tempo) foi a possibilidade de fazer alguns "trabalhos" que são dados por um coelho fofinho e o bonus que ganha por ter terminado o primeiro episódio que são roupas de praia (uma das melhores do jogo para piorar mais, pois vai ter que ficar desfilando se quer ter melhor proteção - ridiculo), em ambos os casos da um ar de leveza e inocencia durante a guerra entre os mundos, o mistério dos personagens e a destruição iminente, não é lindo? Deve ser para que quer jogar "O galinhoChicken Little" talvez, mas para quem gostou do clima tenso do primero, vá se preparando, afinal tem que ver se seu modelito novo combina com a destruição e se está na moda.

O terceiro episódio: "Also Sprach Zarathustra" (Assim falou Zaratustra) mais uma vez promete mudanças (já não sei se isso é bom). A história é a ultima da trilogia com o desfecho e os mistérios revelados. Apesar de dizerem que conseguiram juntar o melhor dos dos primeiros episódios, só saber que vai ter mais minigames já me deixa frustrado (não sei se vou aguentar aquele coelho pentelho de novo). Parece também, que será mais interativa a evolução dos personagens deixando o jogador escolher as perícias que ele terá. O gráfico parece que ficou algo entre os dois primeiros e o sistema de batalha sofrerá algumas modificações também. Só espero que não acrescentem mais persogens desnecessários novamente. Até lá fico na expectativa.

Boa Sorte a todos nós.

http://www.xenosaga.com/ (para quem quiser saber a história do jogo)

Iluminação e sabedoria a todos.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Mostra Internacional de Cinema - Parte 1

Um pouco atrasado mas alguns comentários de filmes vistos na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo:

Fonte da Vida (The Fountain, 2006) - Filme complexo, daquele tipo que deve ser visto mais de uma vez para sua total compreensão (pelo menos para minha compreensão). Isso quer dizer que eu não entendi nada do filme? Não. Deu para pegar a mensagem principal que quer mostrar que a morte não é o fim e várias de suas metáforas filosóficas. Mas eu não peguei todas as ligações entre as 3 histórias que compõe o longa (e todos os significados da história que se passa no espaço). Mas apesar disso o filme é bom e merece ser visto pelo menos uma vez. De qualquer jeito, no futuro pretendo assistí-lo de novo para tentar pegar todas as suas mensagens e ter uma opinião melhor formada sobre ele.

O Crocodilo (Il Caimano, 2006) - Filmes que mostram os bastidores de uma filmagem cinematográfica me agradam bastante (o que me lembra que preciso assistir A Noite Americana e Fellini 8 1/2), talvez por eu ter o sonho de ser um cineasta. Um que eu gosto bastante e não é muito conhecido é O Retorno de Sweetback, filme que mostra o começo da blaxploitation com a filmagem do longa Sweet Sweetback's Baadasssss Song no começo dos anos 70. Esse O Crocodilo também segue essa linha e novamente é um filme que me agradou. Mas enquanto na maior parte do filme o humor é um elemento que acompanha o drama, as cenas finais do filme tem uma mudança de tom que não me agradaram, deixando de lado a comédia dramática e partindo para algo mais sombrio, quando o diretor impõe sua visão política. Na minha opinião um deslize, mas que não chega a prejudicar o filme, que é muito bom.

O Ilusionista (The Illusionist, 2006) - Procurando Nemo e O Espanta Tubarões. Formiguinhaz e Vida de Inseto. Armageddon e Impacto Profundo. Eu lembro de ter lido uma repostagem uma vez que explicava o motivo de aparecerem filmes com temas iguais na mesma época, mas infelizmente não lembro o motivo. Agora aparecem dois filmes com mágicos: O Grande Truque e esse O Ilusionista, que tinha tudo pra ser um grande filme. E começa bem, pois tudo está muito bem feito: a fotografia, a reconstrução de época, os atores estão bem (não esperava menos do Edward Norton e do Paul Giamatti, atores que gosto bastante), a trilha sonora é boa, o filme prende a atenção, mas... tudo parece caminhar para um final óbvio, e é o que acaba acontecendo. E esse final óbvio e manjado é ruim e acaba prejudicando o filme num todo, caso que me lembrou do filme A Vila. O filme não é um desastre, mas não é bom. Agora é assistir O Grande Truque pra ver se pelo menos um dos dois filmes de magia agrada.

Outros filmes que já vi e comentarei em breve: O Labirinto do Fauno, Os Infiltrados, Summer Palace e Infância Roubada.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Agents of Hate


Nextawave é um grupo nada convencional de super-heróis que foi formado por uma organização chamada H.A.T.E. (Highest Anti-Terrorism Effort). Porém, quando eles descobrem que seus empregadores na verdade são financiados por uma organização terrorista eles se viram contra H.A.T.E. O grupo, liderado por Mônica Rambeu (a ex-líder dos Vingadores Capitã Marvel), conta com membros violentos e psicóticos em suas fileiras. Mas claro que você pode descobrir isso em qualquer site especializado, ou mais especificamente (preferencialmente, aliás), lendo o gibi. Eu quero falar aqui de duas outras coisas relacionadas a esta HQ, seus criadores e sua condição no mercado.

Nextwave é escrito por Warren Ellis, escritor britânico que começou trabalhando nas HQs de sua terra natal e entrou no mercado americano em 1994. Logo chamou atenção por sua capacidade de revitalizar, e muitas vezes salvar, títulos fadados ao cancelamento. Bem visto pela crítica Ellis logo fez trabalhos para DC, notadamente Transmetropolitan, título criado e escrito por ele e desenhado por Darick Robertson publicado pela Vertigo, selo adulto da DC; e para Image, mais especificamente Wildstorm. No fim da década de 90 lançou dois mega sucessos pela editora, Planetary, junto com o artista John Cassaday, e Authority com Brian Hitch Ambos venderam bem e foram um sucesso de crítica e já começaram a ser publicados aqui no Brasil. Authority em particular era um dos meus favoritos na época. O título narrava a história de um grupo de super-heróis mais o menos nos moldes da Liga da Justiça, só que ultraviolento e com a pitada de insanidade de Ellis. Seria uma espécie de Liga da Justiça sem limites, mas entenda o sem limites como sem limites mesmo, sejam eles éticos, morais, físicos, psicológicos e etc.

Depois disso, Ellis escreveu diversos títulos. Ajudou a remodelar algumas das revistas dos X-Men, escreveu o interessante Global Frequency pra DC, e em seguida, de volta a Marvel, ajudou a lançar o ótimo Ultimate Fantastic Four e o Homem de Ferro. Até chegar a lançar Nextwave com Stuart Immonen no desenho.

Stuart Immonen já trabalhou um bocado nos quadrinhos. Já desenhou para Marvel (Vingadores, Capitão América, Quarteto Fantástico, Hulk, Homem-Aranha, Thor, entre outros) e para DC (Superman, Liga da Justiça, entre outros), e recentemente vem surpreendendo. Não me entenda mal, ele sempre foi um artista sólido, mas nos últimos anos Immonen vem mostrando que pode desenhar quase todo gênero de HQ. Ele trabalha com diversos estilos dentro de sua própria linguagem sem perder a identidade. Basta olhar a diferença entre sua arte para a mini-série Superman Secret Identity (Super-Homem Identidade Secreta) e o próprio Nextwave. Aliás, essa mini-série do Superman foi muito boa, idéia interessante e muito boa arte. Immonen com um estilo mais ilustrado, porém muito preocupado com storytelling trouxe uma narrativa que se encaixou muito bem com a história. A cor também funcionou muito bem. Mas em Nextwave ele mudou completamente, adotando um traço mais estilizado e limpo que combinou perfeitamente com o tom cômico da HQ. E seu storytelling esta cada vez melhor e cada vez mais relacionado a história.

Nextwave é uma ótima paródia pós-moderna dos quadrinhos norte americanos, cheia de citações e menções aos clássicos do gênero supergrupos de heróis. Ellis brinca o tempo todo com conceitos estabelecidos de super-heróis atuando em grupo, de super-heróis atuando individualmente, de super organizações anteterrorista (leia-se Shield) e seus lideres machões e com muitos outros clichês da industria. O texto ágil e as caracterizações críticas dos personagens tornam o título uma interessante paródia dos supergrupos como Vingadores e Liga da Justiça. Mais o primeiro do que o segundo, pois Ellis já havia mirado sua metralhadora pós-moderna na JLA quando escreveu Authority, agora seu alvo são os Vingadores.

Mas, como a permanência de um gibi no mercado depende de suas vendas, foi divulgada essa semana que Nextwave # 12 vai ser o último número da série. Não era pra ser uma série limitada, mas será. Ellis disse que podem ser feitas mini-séries do grupo depois, mas que essa leva termina aí. Uma pena, mais uma vez um bom título entala nas vendas. Talvez os leitores de um modo geral resistam um pouco em tentar HQs novas, talvez seja mesmo difícil emplacar um grupo de super-heróis com uma boa dose de comédia ou talvez o título fosse muito doido pra grande massa de leitores desavisados. O fato é que bobeou acontece isso. Ainda bem que nenhum dos dois criadores sairá queimado dessa, pois ambos já tem trabalhos engatilhados.

Então, pra todos vocês que compram quadrinhos importados e não estavam comprando Nextwave, valeu mesmo seus babacas! Praqueles que estavam, uma pena, mas vocês sabem do que eu estou falando. E pra vocês que lêem quadrinhos traduzidos, não deixem de dar uma olhada quando sair por aqui. Vale a pena.

terça-feira, outubro 10, 2006

Jimi

O comediante Michael Winslow, "The Man of 10,000 Sound Effects" (mais conhecido como o personagem Larvell Jones no filme Loucademia de Polícia, aquele que faz tudo que é som com a boca) mandando um Jimi Hendrix. Esse vídeo faz parte do filme Michael Winslow: Comedy Sound Slapdown! lançado nos EUA em 2002 direto em vídeo. Sensacional!

quinta-feira, outubro 05, 2006

Vermelho Profundo


Prelúdio para Matar (Profondo rosso, 1975) é um grande filme do mestre do horror italiano Dario Argento (responsável por filmes como Suspiria e Phenomena). Ele foi lançado em março deste ano junto com a Revista Cine Monstro da Works Editora e conta a história de um músico que testemunha o assassinato de uma famosa médium e começa uma investigação paralela a polícia junto com uma repórter para achar o responsável. Obviamente o assassino vai atrás deles e outras mortes acontecem. Prelúdio para Matar (mais um título nacional ruim, já que Profondo rosso seria algo como vermelho profundo, Deep Red como no título em inglês) é um representante dos giallos (amarelo em italiano), filmes italianos de mistério e assassinato que tem esse nome em referência à uma série de livros lançados na Itália que possuiam capas amarelas e histórias do gênero, e posso dizer que foi um dos melhores filmes do gênero que vi recentemente, com uma bela fotografia e belos ângulos de câmera, conseguindo criar um clima realmente sinistro em vários momentos de sua projeção.

O filme trás no elenco David Hemmings no papel principal, mais famoso pelo filme Blow-Up - Depois Daquele Beijo e destaca-se também a bela trilha sonora, composta pelo grupo de rock progressivo Goblin, o que resulta numa trilha bem diferente do usual para um filme de terror, mas que encaixou perfeitamente nesse filme (a música infantil tocada durante o filme é altamente sinistra).

Para quem gosta de filmes de horror e suspense envolvendo mistério, muito sangue e mortes criativas, eu recomendo Prelúdio para Matar.

PS: Apesar da atitude louvável da Works Editora em lançar clássicos do terror em DVD (já lançaram Despertar dos Mortos e O Homem de Palha entre outros) eles cometeram um grave erro com Prelúdio para Matar (o que inclusive, pelo que eu li no site Boca do Inferno, atrasou o lançamento de Terror nas Trevas (E tu vivrai nel terrore - L'aldilà, 1981) de Lucio Fulci). O que aconteceu é que o filme é falado em italiano. Quando ele foi lançado nos EUA ele foi dublado em inglês mas recebeu vários cortes (o filme caiu de 126 minutos para apenas 98). Mais tarde foi lançado nos EUA a versão completa, mas como não havia mais como dublar as partes que tinham sido cortadas, o filme foi lançado em inglês e as partes cortadas foram colocadas em italiano com legendas em inglês. Essa versão foi a que foi lançada pela Works, mas o problema é que eles legendaram apenas as partes faladas em inglês. Ou seja, as partes em italiano (que deve dar uns 20 minutos) não são legendadas! Felizmente, apesar desse erro grotesco, o filme é muito bom e pode ser aproveitado e o mais importante, entendido, já que muitas das partes sem legenda envolvem um "clima" de romance entre os personagens principais que não comprometem o entendimento da história principal. Mas que dá uma tremenda raiva nesses momentos sem legendas, isso dá.

quarta-feira, outubro 04, 2006

The Man of Steel


Estou aqui hoje pra interferir um pouco no território do Maniac e falar de cinema. Na verdade pra falar de uma adaptação: Superman Returns.

Mas antes, algumas palavras sobre adaptações de quadrinhos para cinema. Uma adaptação é a tentativa de transpor algo de uma mídia para outra. Nesse caso das HQs para o cinema. Claro que os fãs se desesperam e se enchem de esperanças todas as vezes que aquele ou esse personagem é escolhido para virar filme, só que muitos esquecem que um filme é algo diferente de uma História em Quadrinhos. São duas mídias muito próximas. Muitos estudos e pesquisas atestam para proximidade de suas. Os quadrinhos foram e são fortemente influenciados pelo cinema, e mais recentemente o cinema tem buscado certas soluções quadrinísticas para determinados problemas. Mas ainda assim são mídias diferentes que demandam soluções diferentes, e por isso acabam por gerar produtos que são diferentes. Podem ser semelhantes no conteúdo e no objetivo, mas são diferentes na forma. Por isso se quiser ver o gibi vá ler o gibi, o filme é outra história.

Dito isso, vamos ao Superman. Tenho ouvido diversas opiniões sobre o filme de Bryan Singer, muitas boas e algumas ruins. Muitas dessas ruins se baseiam na distância, segundo essas opiniões, que o filme tem do quadrinho. O que eu acho bastante curioso. Pra mim o filme é muito próximo do personagem dos quadrinhos. Primeiro por captar a grande dor e solidão do personagem sem torná-la piegas e melodramática (característica cada vez mais latente no cinema hollywoodiano e conseqüentemente nas adaptações de quadrinhos). Segundo, o filme trabalha com o tempo de uma forma interessante, permitindo que as cenas se construam de forma cuidadosa e que as informações, sentimentos e conceitos defendidos pelo diretor sejam absorvidos com calma pelo espectador. O filme na verdade tem um objetivo muito claro e não é colocar o Homem de Aço em uma pancadria a cada 5 minutos na tela. O fato do diretor não ter feito um filme puramente de ação, e sim reflexivo também, desagradou muita gente. Mas o filme tem muito mais relação com o personagem do que alguns gibis tem tido ultimamente. As boas histórias do Superman não são sobre o quão poderoso ele é, nem sobre brigas homéricas com seja-lá-quem-for. Pra mim, são sobre tomar decisões maiores do que qualquer um de nós, sobre escolhas impossíveis e realizações inimagináveis. E no meio disso sim, ação e pancadaria (se você quiser), mas tudo dentro de um contexto. Ele é o mais poderoso, mas guarda seus poderes como último recurso para resolver uma situação. E o filme mostra bem isso.

Não me entenda mal, como bom fã não gostei de tudo no filme. Não gostei do Lex Luthor do Kevin Spacey. Acho ele um puta ator e entendo que ele quis, dentro da proposta do diretor, remeter ao Luthor do Gene Hackman, mas prefiro o Luthor do desenho animado do Bruce Timm. Mais violento, calculista e mal e menos palhaço e louco. Não gostei tanto da Lois. Achei a atriz até boa, mas aquém da personagem. Penso que tinha que ser alguém mais forte, tanto na imagem quanto na personalidade (e mais gostosa, se a escolha fosse minha). Não sei ainda sobre o moleque. Essas coisas de filhos de personagens sempre me cheiram mal, mas certamente abre muitas possibilidades.

No fim das contas achei o filme muito bom. Fez uso da tecnologia atual para trazer cenas de ação impressionantes e valorizou os personagens. E principalmente trouxe o Homem de Aço de volta no melhor estilo e ainda respeitando o que já foi feito de melhor sobre ele no cinema (Superman e Superman 2).

E pra quem gosta vai sair o box com uma tonelada de material sobre ele e ainda o DVD do Superman Returns. Estou tentado a comprá-lo, o duro é ter na coleção o Superman 3 e 4, duas bostas inigualáveis (ou talvez igualáveis pelo Batman 4!). E não são só bostas, são bostas com extras de merda. Mas é provável que o restante compense. De qualquer forma o DVD do Superman Returns, com todos os extras, certamente será um prato cheio.